segunda-feira, 17 de setembro de 2007

> Sabe com quem está falando?!

Já li vários artigos e ouvi comentários sobre a prática deplorável do uso de prerrogativas profissionais ou de parentesco para se auferir vantagens em determinadas situações; o velho costume da “carteirada”, própria de agentes públicos inescrupulosos ou de profissionais de imprensa alheios à ética ou, ainda, dos afilhados ou nepotes de gente graúda, enfim, aqueles que ao primeiro aperto vociferam a vulgar mas eficiente pergunta: “sabe com quem está falando?”.

Não resta dúvida de que se trata de prática abominável e alio-me em primeira hora aqueles que denunciam e condenam comportamentos desse tipo.

Hoje, entretanto, quero falar do reverso da moeda: fiquei sabendo que a esposa de um amigo - gente de bem, de formação moral e cívica irretratável - foi submetida a uma via Crucis na tentativa de ver atendida sua solicitação de substituição de um produto recebido em desconformidade com as especificações do que houvera adquirido; ou seja, comprou um coisa, recebeu outra. Nas várias incursões junto à empresa vendedora, resistiu inicialmente ao convencimento de que o produto entregue estava conforme sua solicitação, depois à afirmativa de que, apesar de diferente daquele que havia sido vendido, era bem melhor e finalmente, a muito custo, à promessa de substituição em um prazo de 30 dias.

Passados 15 dias do prazo acordado para a substituição do produto, e recebendo nova promessa para troca em “mais ou menos” 10 dias, a esposa desse meu amigo, em um ato desesperado, recorreu constrangida à velha, surrada, mas eficiente indagação: “sabe com quem está falando?”, nesse momento ela revelou que era esposa de jornalista e que buscaria a mídia necessária para expor seu calvário. Depois dessa revelação foi atendida em 48 horas, com o produto reposto da forma como solicitara desde o primeiro momento.
Faço eu, agora, outras perguntas: se podia ser feito por bem, porque esperar pelo mal? Porque levar as pessoas ao extremo? Porque não ouvir o cliente e compreender seus anseios? Afinal, nunca sabemos ao certo com quem estamos falando.

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